quinta-feira, 28 de abril de 2011

sempre volta

De 2006. Bom sentir a mesma coisa ainda, só muda o "voce".


Hoje acordei pensando em você. Levantei-me no meio da noite, fui beber um copo dágua e você não saía da minha cabeça. Não pense que quero te atingir, mas havia algum tempo que eu não pensava,  foi estranho. Por isso te escrevo, simplesmente para saber de você. Quero ouvir sua resposta de algum lugar do mundo apenas me dizendo que está bem, preciso ouvir seu bem.
Me lembrei daquele dia em que você, deitado na minha cama, disse para os meus olhos que não conseguia desgrudar de mim, lembra? Quero que você sinta todo dia o que estava sentindo naquele dia, mesmo que não esteja falando de mim.
Hoje acordei pensando em você, e desde então não consigo mais pensar em outra coisa.


terça-feira, 19 de abril de 2011

Nunca em toda a minha vida

Às vezes gosto de ficar pensando como o tempo passa e enquanto algumas coisas permanecem intactas outras mudam sem que você possa perceber, nesse caso seria quase diagnosticar, quando elas começaram a mudar – porque quando você pára pra olhar com calma, o que estava ali e parecia que por ali iria ficar ad infinitum já foi-se embora ou assumiu uma nova forma, passando de aquilo-que-era para aquilo-que-se-tornou.
Engraçado ver que o queee já te deu frio na barriga, pernas bambas e calafrios hoje em dia não te passa absolutamente nada. Às vezes sinto culpa por deixar as coisas passarem de verdade, julgaria frieza senão deixasse que elas fossem tão intensas no momento em que estavam acontecendo. Não sei se concordo quando ouço alguém dizer que o que realmente é verdadeiro permanece com a gente. Tantas coisas que já aconteceram, pessoas que andaram pra outras direções, tristezas que não existem mais e amores que já nem me lembro... Não estão mais comigo, sem dúvida nenhuma, mas não sei se isso quer dizer que não são verdadeiros ate hoje.

S.
Te escrevo para te dizer que aquele dia que me mandastes flores, há exatamente um ano atrás, algo que estava dormindo em mim acordou e acho que só voltará a dormir depois que te enviar estas letras. Tanto tempo que fiquei muda pode ter te mudado, não sei, mas se aqui estou hoje é pra dizer a ti que as flores continuam no vaso, ao lado da minha cama. Lindas as açucenas, que hoje já estão murchas. Um dia me falaram que enviar açucenas expressava uma angústia pela falta de alguém que se ama...
Sei que está tarde e o tempo que passou não volta mais, mas escrevo somente para te dizer que não me causas mais nada alem de uma saudade enorme de um tempo em que fui realmente feliz, embora ainda seja. Me guarde com carinho.
                                               P.

Seguindo em busca de novos calafrios, pernas bambas e sentimentos que são tão eternos quando ocorrem que fazem escapar sem pensar uma frase da boca: “Ai ai ...Nunca amei assim em toda a minha vida”.
Todo dia.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Conversa descompassada

Engraçado ler coisas tao antigas... escrito em setembro de 2006:
(bom ver tambem que algumas dessas angústias nao existem mais...)



-         Me dá aqui esse celular.
-         Não, você não vai ligar agora.
-         Eu só preciso de uma cerveja.
-         Onde você meteu aqueles retalhos?
-         Eu não posso ficar longe de você, não sei o que acontece, um pedaço de mim vai embora quando você foge assim de mim.
-         Se quiser ligar liga, é você quem sabe.
-         Não sei onde eu botei, acho que ficaram ali em cima da bancada. Queria reconstruir uma coisa impossível, já tava rasgado mesmo, ia ficar tudo remendado, deixa pra lá.
-         Skol ou Boemia?
-         Aqui não, vamos pegar um ar fresco... Pensando bem, quero uma água de coco.
-         Deixa recado na caixa postal então.
-         É assim sabe, meu dia parece que vai embora quando não te vejo, passa em branco, e quando eu acordo e sei que você não está do meu lado eu perco a vontade de levantar da cama...
-         E foi assim que você disse pra ela?
-         Os retalhos? Eles eram coloridos, eu me lembro bem... as cores eram fortes, compreende? Dava gosto de ver, vibrante. Pena que desbotou, ficou muito sem graça... Porque que as coisas tem que perder o gosto hein?
-         Ah, polpa de coco engorda tanto... Acho que prefiro tomar uma Boemia.
-         Traz um aipim frito também...
-         Você e essa mania... Até parece que hoje em dia alguém ouve esses recados... É pura ganância das empresas de telefonia, nem adianta.
-         Eu ligo, deixo recado, e você se esconde. Porque essa esquiva? Mergulha de trampolim em mim. Eu sou todo cinza por dentro, cinza não enjoa.
-         Quem sabe se não ficaram no porta-luvas? Precisava mesmo deles.
-         Seus óculos?
-         Não, os retalhos.
-         Tem seis estampas na minha colcha de retalhos. Seis pedaços costurados fio a fio. Peguei em outros todos os pedacinhos que me lembravam você e fiz uma colcha, mas desbotou.
-         E se a gente bebesse um vinho?

Pegou o celular e arrancou fora a bateria. Foi na geladeira e pegou seis cervejas, e três copos. Disse que assim o fizera para caso perdesse o seu copo em algum lugar da casa. Achei graça.

-         Estava claro que ia perder as tonalidades. Mas sabe que às vezes eu queria comer aquela colcha? Achei que assim eu ia poder te ter dentro de mim...
-         Vira o copo, odeio essa espuma.
-         É tão descompassado. Porque você faz essa cara de dor repentina hein? Vamos dar uma volta então.
-         Acho que vai chover.
-         Achei os retalhos... Posso queima-los?
-         Pode.
-         Dispara, dissipa, descompassa e descansa. Vou comprar novos tecidos, de repente agora faço uma cortina. Uma representação bem aquém de você. Fechar as janelas. Desce o pano.




03-09-06