terça-feira, 17 de maio de 2011

Lá fora

Lá fora está cinza, aqui dentro também. As paredes brancas do quarto parecem se aproximar cada vez mais da cama, ou se afastar? Não sabe se a sensação é a de prisão ou a de excesso de espaço, de uma forma ou de outra: solidão. Engraçado como é estar num lugar cheio de pessoas e se sentir só. Esperar dar cinco horas da tarde e ficar parada na esquina de Rio Branco com Presidente Vargas, já tentou? É uma solidão tremenda. Pra fugir busca um lugar mais tranquilo, uma beira de mar em dia nublado, onde não haja ninguém para compartilhar coisa alguma e mais uma vez se sente só. Talvez a solidão esteja aqui dentro, e não lá fora, no dia embassado de proximidade ao natal, em que as pessoas lá fora parecem ficar mais falantes, eufóricas, agitadas, e essa angustia aqui dentro. Inquieta demais para curtir uma tarde vazia, mas preguiçosa demais para se movimentar, e a inquietação passa do corpo para a cabeça, o corpo não se movimenta, mas a cabeça já cansou de cruzar a linha de chegada, e passando por percursos diferentes.

 (16/11/10)

sábado, 14 de maio de 2011

Tudo pode

Prometo que é o ultimo da série revolta!


Queria que alguem me explicasse.
Bonitinha é feia arrumadinha, mas dá pra pegar. Se tem carro eu to dentro,  se tem camarote eu passo mal. Quanto maior o salto maior o tombo.
Os cachorros tão mijando nos postes, me sinto um peixe fora dágua, ou pior, um peixe no meio do deserto do saara. Como tentar entender o que parece não merecer um entendimento?
Quanto maior a bunda melhor, se não tem peito bota silicone, se é gordinha usa cinta. O que tem por dentro realmente não importa. Tá na moda ser vazio, completamente oco. Pra que respeitar se tem tanta gente no mundo? Maltrata daqui mas amanhã voce não vai ver mais mesmo... E se ver é simples: finge que nada aconteceu, vai que cola. (E se colar maltrata mais um pouquinho só pra não perder o costume)
Voce não po-de ser feliz sem três coisas: um corpo sarado, dinheiro no banco e muuuuuita mulher/homem a volta – pra que um(a) só? O negócio é esbanjar. O pior: tem dado certo.
Dica: saiu com alguem? Não ligue no dia seguinte, não procure durante um tempo, mande uma mensagem de madrugada deixando bem claro que é sua última opção, pegue de novo, depois pegue outrem na frente dele(a), de preferencia conhecido. Pronto: A  pessoa está perdidamente apaixonada por você.

Que mundinho fétido.


Nunca, jamais diga o que sente. Por mais que doa, por mais que te faça feliz. Quando sentir algo muito forte, peça um drink.
Caio F.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Na cabeça de mil mulheres

Inspirado nas crises (de tpm ou nao) de muitas mulheres...                         

                  Aos poucos ela via que muitas coisas perdiam o sentido. Se quando era criança acreditava em príncipe encantado montado no cavalo branco, hoje, depois de tantos tombos, fissuras, hematomas e lágrimas, muitas lágrimas, tinha que lutar contra sua história para continuar acreditando no amor, palavra que já causava certa incompreensão. Porque bastava olhar para o lado e ver no que os príncipes encantados da infância haviam se transformado: homens altos, queimados de praia, músculos aparentes e uma força bruta que às vezes não permitia que subissem no cavalo branco, porque legal mesmo era andar num de tração nas quatro rodas.
                Muitas vezes se questionava se precisava mesmo daquilo: era obrigada a arrumar um parceiro? Alguém pra compartilhar suas alegrias e tristezas, alguém que sanasse as carências que ela mesma não conseguia suprir? Não sabia responder. Porque quando saía a noite acompanhada de inúmeras amigas, com a cabeça e o corpo dominados pelo álcool, se descobria  tentando, às vezes pateticamente, parecer ser uma pessoa cem por cento feliz com sua condição. E nesses momentos era usual encontrar algum caso antigo, geralmente acompanhado de uma atual na-mo-ra-da -  nessas horas não saberia descrever o sentimento, sensação de esmagamento no estômago, de não saber o que fazer, e de sentir vergonha, muita vergonha. Vergonha por conseguir ler os pensamentos do outro: “olha ela lá, um ano que se passou e ela continua bêbada, descabelada... e sozinha”.  E sozinha...
              

(recorrendo ao clichê: antes só do que... embora, boba ou nao, acredite em amor)