Lá fora está cinza, aqui dentro também. As paredes brancas do quarto parecem se aproximar cada vez mais da cama, ou se afastar? Não sabe se a sensação é a de prisão ou a de excesso de espaço, de uma forma ou de outra: solidão. Engraçado como é estar num lugar cheio de pessoas e se sentir só. Esperar dar cinco horas da tarde e ficar parada na esquina de Rio Branco com Presidente Vargas, já tentou? É uma solidão tremenda. Pra fugir busca um lugar mais tranquilo, uma beira de mar em dia nublado, onde não haja ninguém para compartilhar coisa alguma e mais uma vez se sente só. Talvez a solidão esteja aqui dentro, e não lá fora, no dia embassado de proximidade ao natal, em que as pessoas lá fora parecem ficar mais falantes, eufóricas, agitadas, e essa angustia aqui dentro. Inquieta demais para curtir uma tarde vazia, mas preguiçosa demais para se movimentar, e a inquietação passa do corpo para a cabeça, o corpo não se movimenta, mas a cabeça já cansou de cruzar a linha de chegada, e passando por percursos diferentes.
(16/11/10)